Dra. Ivanice Teixeira
Fundadora da Digital + Legal e apoiadora do Changemaker Experience
“Inteligências Artificiais não são nem inteligentes e nem artificiais.”
Dr. Miguel Nicolelis
Já faz algum tempo que estamos num encantamento com as Inteligências Artificiais. Essa tecnologia “senhora”, nascida na década de 1960 e literalmente desengavetada nos anos 1990, ganhou o coração de vários segmentos nos últimos anos, sempre com promessas de um relacionamento longo e estável.
Mas antes de seguirmos, é necessário um esclarecimento nada romântico. Inteligências Artificiais não são nem inteligentes e nem artificiais. A afirmação é feita pelo Dr. Miguel Nicolelis, professor emérito da Universidade Duke-EUA, médico e um dos cientistas mais relevantes na atualidade e merece nossa atenção.
Segundo Nicolelis, o conceito de inteligência preconiza a “interação que emerge de seres vivos e sua interação com o ambiente e outros seres vivos”.
E não é artificial já que “é criada por seres humanos, a partir de seres humanos”.

Ou seja, essa tecnologia é, na verdade, um algoritmo alimentado por humanos para criar respostas a partir de dados já existentes, num movimento orgânico e estruturado.
Bem, é inegável que as inteligências artificiais são potentes geradoras de novos contextos. Principalmente se associadas a outras tecnologias. Mas será que essa potência pode ser direcionada para causar danos? E a resposta é sim.
As tecnologias geram os resultados para os quais forem direcionadas. Se esperamos algum benefício, elas devem ser orientadas com base na percepção ética e moral de quem as desenvolve e de quem as utiliza. Educação com viés ético!
Um exemplo danoso popularizado são as fake news geradas por Inteligências Artificiais. Informações ficcionais criadas e disseminadas para causar danos ao processo informativo real e verdadeiro. São geradas a partir de um grande volume de dados que, devidamente estruturados, terão grande semelhança com notícias e informações reais. Tudo baseado na organização algorítmica.

Pessoas inseridas em cenários onde nunca estiveram antes, movimentos de rosto e falas, roteiros ou narrativas inteiras, quando baseados em múltiplas situações já ocorridas, soarão familiares aos ouvidos e olhos menos atentos. Uma engenharia de dados que simplesmente torna quase impossível, a olhos nus, diferenciar o que é “fato” do que é “fake”.
Será que há um caminho para reduzirmos a força do uso pernicioso de tecnologias?
Sim! Endereçarmos as tecnologias para experiências positivas precede a existência da própria tecnologia. Ela depende da construção de uma consciência pautada em elementos éticos, comprometidos “by design” com sustentabilidade, responsabilidade e regulamentações claras que busquem proteger o coletivo.
Mentes que gerem ações éticas dependem de inteligência verdadeira, que contempla elementos exclusivamente humanos. Olhando para a verdadeira humanidade encontraremos as melhores respostas.