Por Katia Stocco Moles
Em 2017 quando finalmente foi homologada a lei 13415-17 e um Novo Ensino Médio se desenhava, foi muito difícil alcançar todas as possibilidades de inovação que ela continha. Formação geral básica, itinerários formativos, projeto de vida, eletivas, educação a distância, enfim expressões muito novas e fora do nosso ideário que circundava tudo o que nós, como estudantes que fomos, como educadores, gestores, conselheiros vivemos e sabíamos de ensino médio, esta etapa da educação básica que ao longo dos anos tem deixado tantos estudantes para trás.
Difícil imaginar como fazer tanta inovação sair das linhas da lei, e se transmutar em uma arquitetura curricular que leve em conta os estudantes, seus direitos de escolha, seu projeto de vida.
Complexo imaginar as muitas possibilidades de organização, que não fosse um conjunto obrigatório de componentes curriculares desconectados entre si, com alteração da carga horária que passaria das 2400h para, no mínimo, 3000h, indicando um formato diferente para essa etapa escolar, com mudanças na carga horária, no currículo e, principalmente, na disposição de disciplinas obrigatórias e outras optativas, incluindo a oferta de itinerários formativos, que seriam escolhidos pelos estudantes, com um currículo flexível e que considera que sim, trabalho e educação podem caminhar juntos, que é possível a profissionalização estar contida em uma trajetória escolar que forma para todas as provas da vida, inclusive para aquelas que envolvem empreender um projeto pessoal que não obrigatoriamente direcionado ao ensino superior.
As escolas precisam pensar em um currículo que esteja alinhado à Base Nacional Comum Curricular, dialogando com competências e habilidades a serem desenvolvidas. Além disso, ele também destaca o papel da interdisciplinaridade e seu espaço dentro dos conteúdos pensados no currículo.
O desenvolvimento integral é outra marca dos novos currículos para o ensino médio e, a partir da Base, são previstas dez competências gerais a serem desenvolvidas em todas as áreas do conhecimento e que se associam à valorização do conhecimento, a capacidade de comunicação, argumentação, resolução de problemas, autoconhecimento, autogestão, consciência social e ambiental, pensamento científico, crítico e criativo, ampliação do repertório cultural, empatia, cooperação, responsabilidade e cidadania.
Outro aspecto bastante valorizado na revisão dos parâmetros de organização curricular do ensino médio diz respeito à cultura digital, que remete às relações humanas mediadas por tecnologias e comunicações por meio digital, aliadas a outros pontos tais como sociedade da informação, cibercultura e revolução digital.
A cultura digital, alia-se a tecnologia digital compreendida como o conjunto de conhecimentos relacionados ao funcionamento dos computadores e suas tecnologias, incluindo redes e internet.
Nesse novo Ensino Médio é essencial, ainda, o desenvolvimento de um projeto de vida para o estudante, no qual os jovens vão desenvolver habilidades, relacionadas à compreensão de si e do mundo, respeito e cooperação, e também vão entender e refletir sobre as escolhas que serão feitas na vida adulta.
Dar forma a essa nova arquitetura não é simples, e para que ele seja realidade na escola, de modo que os estudantes tenham direito de viver esse Novo Ensino Médio ainda requer muito esforço e investimento, mas sem dúvida sua implementação não será possível sem trabalho conjunto, cuidadoso, contínuo e focado no que realmente importa que é, ofertar a todos que estão nesta etapa da educação básica, uma escola na qual eles entrem, permaneçam, aprendam e sigam firmes para realizar seus projetos pessoais e ter clareza de seu lugar no mundo.