O digital como ferramenta de desenvolvimento na Educação

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Como pensar na educação de qualidade para todos? Qual o papel do ensino digital neste processo?

Gostaríamos de trazer reflexões sobre como pensar no processo de aprendizagem diante de tantas diferenças e sobre como o ensino por meio do digital pode auxiliar neste processo.  

O que é preciso para aprender?

Para compreendermos como promover a aprendizagem de todos os estudantes, é válido refletir sobre o que nos leva a aprender. Além dos processos cognitivos de memória, os estudos sobre motivação humana revelam que a autonomia, o pertencimento, a competência e o significado são os grandes pilares para promover a motivação, e, consequentemente, a aprendizagem das pessoas.

Vamos pensar em cada um desses pontos? 

Ter autonomia é ser líder de seu próprio aprendizado; é tomar decisões sobre o que se aprende; é ter escolhas e poder trilhar seus próprios caminhos para atingir os seus objetivos de acordo com suas necessidades (Bondie; Zusho, 2018). Além disso, ter autonomia é poder aprender para você e não para os outros. A prática da autonomia dá a oportunidade para que o estudante reflita sobre o que ele já sabe e sobre o que ainda precisa aprender para atingir seus objetivos, desenvolvendo assim um mindset de crescimento (Dweck, 2017).

Para ter motivação para aprender, é preciso também pertencer; sentir-se parte de um grupo. Ou seja, sentir-se acolhido por colegas, professores e ser respeitado por suas individualidades; é poder se expressar sem o medo de ter que se encaixar em certos parâmetros.

No centro da motivação humana está a competência, ou seja, a capacidade de saber fazer algo, de sentir-se competente de realizar uma tarefa. Quando fazemos algo com independência nos sentimos capazes e confiantes, o que nos motiva a procurar outros desafios e nos arriscar mais. Passamos a identificar mais facilmente o que ainda precisamos aprender. 

E, por último, é preciso realizar atividades significativas. Uma atividade significativa é importante para a pessoa de alguma maneira. Pode ser, por exemplo, algo de relevância social, que leva a pessoa a compreender melhor o contexto em que vive, ou algo que mudará a sua maneira de pensar ou de agir no mundo. Além disso, algo cheio de significado pode ser o próprio conhecimento que trará benefícios acadêmicos ou profissionais para a pessoa. A motivação também está vinculada ao entretenimento, e às atividades prazerosas para cada indivíduo (Bondie; Zusho, 2018).

Assim, é preciso refletir sobre de que maneira os ambientes educacionais proporcionam atividades significativas para que os estudantes possam se sentir acolhidos e quais as oportunidades que oferecemos para desenvolverem a autonomia e a autoconfiança para que possam aprender sobre si próprios e sobre os conteúdos propostos.

Como o digital possibilita a participação de todos? 

O ensino digital possibilita a quebra de barreiras espaciais: pessoas em diferentes lugares podem ter acesso ao mesmo conteúdo, além da interação entre as pessoas que normalmente não estariam juntas, já que no presencial, geralmente nos relacionamos sempre com as mesmas pessoas. Um grande diferencial é: o digital respeita os diferentes tempos de aprendizagem: os estudantes podem assistir às aulas diversas vezes em um ritmo que atenda às suas necessidades. Também adiciona momentos de pausas, que dão chances de rever o conteúdo e focar em partes que apresentam mais dificuldades.

Estimula a prática da autonomia durante o processo. Os estudantes escolhem o que querem fazer primeiro ou depois; escolhem as trilhas de sua aprendizagem, e também a maneira como desejam comunicar o que sabem. O conteúdo é apresentado de diversas maneiras: áudio, vídeo, imagens, e por escrito. Isto facilita o engajamento de estudantes com diferentes habilidades de leitura, de escrita e de compreensão. Além do mais, podem escolher quais cursos desejam fazer de acordo com seus interesses pessoais.

A tecnologia é atraente para uma geração que está sempre conectada. Sendo assim:

Quebre barreiras 

O digital permite romper a barreira do distanciamento espacial, possibilitando o agrupamento de pessoas fisicamente distantes, de uma maneira muito simples.

Respeite o tempo de aprendizagem 

Repetir o conteúdo, pausar o vídeo, ler mais rapidamente… Cada pessoa tem seu tempo e forma de aprender e a disponibilidade dos meios digitais dá autonomia para os estudantes definirem o seu momento de estudo e as configurações mais eficazes

Diversifique a linguagem 

Reforçar o uso de imagens, vídeos e conteúdos interativos para aumentar o estímulo aos estudantes. Aumente o leque de possibilidades também para as entregas, oferecendo mais recursos e opções para a apresentação de projetos.

Incentive a autonomia 

As plataformas digitais de aprendizado permitem que os estudantes façam escolhas. Podem escolher a melhor forma de aprender, de acordo com as necessidades do momento.

Curiosidade

Você sabia que em 1984, com o lançamento do primeiro computador de uso pessoal, o Mac, foi criado simultaneamente, o CAST – Center of Applied Special Technology em Massachusetts, nos Estados Unidos? O computador foi criado para ampliar os estudos sobre como usar a tecnologia para promover a participação das pessoas com deficiências nas atividades educacionais. 

Após pouco mais de uma década de adaptações individuais usando o computador dentro da escola, o foco passou a ser o currículo, pois concluíram que, ao invés de fazer adaptações individuais para cada um, era preciso diversificar o currículo para que este contemplasse toda a heterogeneidade presente nas sala de aula. (Meyer; Rose; Gordon, 2014).

Referências Bibliográficas

BONDIE, R., ZUSHO, A. Differentiated Instruction Made Practical: Engaging the Extremes through Classroom Routines. Nova Iorque, NY: Routledge, 2018

DWECK, C. Mindset : a nova psicologia do sucesso. São Paulo: Objetiva, 2017.

MEYER,A., ROSE, D.H.& GORDON, D. Universal Design for Learning: theory and practice. Wakefield, MA: CAST, 2014. Disponível em http://udltheorypractice.cast.org.

LANUTTI, E.O.E; MANTOAN, M.T.E. Ressignificar o ensino e a aprendizagem a partir da filosofia da diferença. Polyphõnía. Revista de Educación Inclusiva, 2 (1), 119-129, 2018. 

ROSE, T. The end of average: How we succeed in a world that values sameness. San Francisco, CA, HarperOne, 2016.

Páginas 3, 7, 8, 9, 10, 11 e 13 Resumo Live V12 – Final

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